No topo do ranking, Hong Kong lidera pelo segundo ano consecutivo, seguido por Suíça e Cingapura, que ao subir uma posição, levou os EUA a sair das três primeiras posições pela primeira vez na década. Para o professor Arturo Bris, diretor do Centro Mundial de Competitividade do IMD, os indicadores de Hong Kong, Cingapura e Suíça que mais tiveram destaque estão relacionados à eficiência do governo e dos negócios e à produtividade. "Esses países mantiveram um ambiente favorável às empresas, e incentivam a produtividade. A China, por exemplo, teve melhorias em diversos fatores atribuídas à sua dedicação ao comércio internacional. Isso continua a impulsionar a economia e a melhoria da eficiência do governo e dos negócios", afirma.

Este ano é a primeira vez que o IMD publica um relatório separado com a classificação da competitividade digital dos países. Indicadores de tecnologia e infraestrutura científica já estão incluídos no ranking geral. No entanto, o novo Ranking traz novos critérios de mensuração da capacidade dos países de adotar e explorar tecnologias digitais que levem à transformação das práticas governamentais, dos modelos de negócios e da sociedade em geral.

Brasil em 2017: crise e necessidade de reformas
O Brasil obteve, em 2017, 55.829 pontos no índice agregado de competitividade, o que representa um avanço de 4.153 pontos em relação a 2016. O aumento, entretanto, foi insuficiente para gerar avanços no ranking geral. 

“Em comparação a 2010, ano em que ocupou a sua melhor posição (38ª), o Brasil apresentou uma perda de aproximadamente 10% em competitividade. A queda apresentada em 2017 não é apenas relativa, mas também absoluta se observada no longo prazo”, explica um dos autores do estudo, o professor Carlos Arruda, da FDC.
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A evolução do Brasil no Ranking de Competitividade (2009-2017) 
“O Brasil precisa de cuidados”, alerta Arruda. “Mas em um contexto político abalado e extremamente incerto, é um desafio mover pessoas e recursos em prol de um projeto de nação. Sob um olhar crítico, temos uma carga de entraves históricos aliada a uma nova carga política e institucional cujo resultado ameaça, como em 1980, encaminhar a economia brasileira para uma década perdida. Este relatório tem por objetivo discutir condições de reverter esse cenário”, completa. 

Arturo Bris, do IMD, também acredita que o Brasil, assim como a Ucrânia e a Venezuela, está no final da tabela devido à agitação política e econômica que vive. "É esperado que esses países ocupem estas posições por tudo o que acompanhamos nos noticiários sobre as questões políticas atuais. Mas, estas questões estão na raiz da má eficiência dos governos, e isso diminui as posições no ranking", enfatiza Arturo Bris.

Quatro fatores de competitividade
A queda de quatro posições do Brasil em relação ao ano passado é analisada a partir de quatro fatores, cada qual composto por cinco subfatores. O resultado brasileiro está detalhado nos quadros abaixo:
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Resultado do Brasil por Fator de Competitividade (2015-2017) 

Desempenho Econômico 
O fator desempenho econômico vem apresentando pioras gradativas desde 2011. Atualmente, a 59
a posição é justificada por perdas em praticamente todos os subfatores.

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Resultado do Brasil em Desempenho Econômico (2009-2017) 
Fonte: IMD Competitiveness Yearbook 2017

“O subfator emprego também gerou perdas ímpares para a competitividade brasileira. A queda de 23 posições é explicada devido ao aumento do desemprego – que foi do 27o para o 50o lugar – com um valor de 12,43% da população economicamente ativa. Ainda assim, o Brasil ainda mantém um bom índice de empregados e figura em quinto lugar devido ao tamanho do mercado de trabalho em termos absolutos”, explica o professor Carlos Arruda. 

Eficiência do Governo
O fator eficiência do governo vem apresentando pioras constantes desde 2009 e chegou em último lugar em 2016. Com a entrada de dois países no ranking, o Brasil foi rebaixado para a 62a posição e a Venezuela para 63a. Dentre os cinco subfatores, todos registraram queda no ano de 2017.


Figura5.pngResultado do Brasil em Eficiência do Governo (2009-2017) Fonte: IMD Competitiveness Yearbook 2017
Eficiência Empresarial
Houve melhora de duas colocações no fator eficiência empresarial. Na série histórica, a trajetória foi de avanço no início da década, seguido de queda desde 2013, com tímidos sinais de reversão.
Figura6.pngResultado do Brasil em Eficiência Empresarial (2009-2017)
   Fonte: IMD Competitiveness Yearbook 2017​

Infraestrutura
O fator infraestrutura apresentou uma relevante queda de cinco posições (51a). Este fator passou por várias oscilações ao long
o do tempo. Com uma tendência negativa até 2011 – com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 – houve uma melhora de seis posições em 2012, reflexo do aumento dos investimentos, principalmente na infraestrutura básica. No entanto, o país voltou a perder competitividade neste fator no período entre 2013 e 2015, com o desaquecimento da economia.
 
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Resultado do Brasil em Infraestrutura (2009-2017) 
   
​Os dados completos do World Competitiveness Yearbook (WCY) estão disponíveis no site​

Fonte: IMD Competitiveness Yearbook 2017